Não falei que tavam vindo mais novidades? Bem, essa aqui é o
primeiro post da nova série que planejo iniciar no blog, tive ideia de fazê-la
após uma conversa com uns amigos meus, e já tava querendo ressuscitar essa
bodega faz tempo, portanto, ei-lo! A primeira edição de Já Dizia o Chacrinha,
uma coluna que vai analisar os elementos descaradamente copiados de grandes
clássicos por franquias atuais! Hoje, falaremos de uma das séries mais queridas
pela Geração X brasileira.
E não, definitivamente não é Chaves.
Estamos falando, é claro, de 聖闘士星矢, que, em nosso alfabeto, escreve-se Saint
Seiya, mas que é mais conhecida pelo nome marqueteiro que os franceses
colocaram, Les Chevaliers du Zodiaque (apesar de haver outras armaduras além
das que representavam as constelações zodiacais =P), a tradução em espanhol Los
Caballeros del Zodiaco, e, finalmente, a versão brazuca, que virou um telefone
sem fio dos infernos chamado Os Cavaleiros do Zodíaco.
CDZ começou como um mangá em 1985 na famosa antologia Weekly
Shonen Jump. De autoria de Masami Kurumada, foi publicado até 1990, com 110 capítulos
reunidos em 28 volumes. A adaptação em anime durou de 1986 a 1989, obtendo um
sucesso moderado, sem chegar à última saga do mangá, a da Hades. No entanto,
seu sucesso na Europa e na América Latina a tornou um fenômeno em escala
global, e em 2002, foi lançada a versão animada da Saga de Hades no formato
OVA. Seu sucesso levou à criação de várias obras derivadas, como os mangás
Episódio G (2002), Next Dimension e The Lost Canvas (ambos de 2006), além da
nova série animada Saint Seiya Omega (2012).
Durante do auge da febre Cavaleiros, a finada TV Manchete resolveu
importar mais desenhos japoneses na esperança de repetir o mesmo sucesso dos
Defensores de Atena, mas nada chegou aos pés deles. Dentre esses, duas séries
cuja semelhança com CDZ era imensamente suspeita: Shurato, que era basicamente
Saint Seiya com mitologia hindu-budista em vez de grega, e Samurai Warriors, de
temática xintoísta. Ambas retinham a ideia básica de guerreiros trajando
armaduras que defendiam a humanidade em nome de uma deusa; Vishnu (que virou
mulher nesse anime para poder se assemelhar mais a CDZ =P) e Amaterasu, respectivamente.
Eu poderia falar horrores delas hoje, mas seria fácil demais.
Não, em vez disso, buscarei outro objeto para minha análise, um
que não seja tão óbvio. Falarei hoje de um dos mangás Shounen de maior sucesso
atualmente (apesar do declínio de popularidade que vem experimentado nos últimos
tempos):
Bleach , a jornada de Ichigo Kurosaki, um adolescente que, por
acaso, transforma-se em agente do Outro Mundo. Essa descrição pode até lembrar
Yu Yu Hakusho, outro anime de sucesso em terras tupiniquins, mas, fora isso, não
há muito em comum entre as duas séries, cujos personagens, enredos e estilos divergem
completamente logo de cara. Não, eu diria que essa trama tem muito mais a ver
com Saint Seiya do que com boa parte dos mangás sobrenaturais publicados nos
últimos tempos.
Existe uma percepção errônea entre a comunidade otaku ocidental de
que CDZ não é muito conhecido em sua terra natal. É claro que seu sucesso lá
não se compara àquele que a série obteve mundo afora, e muito menos com o de
gigantes como One Piece e Dragon Ball, mas tantos spin-offs e produtos licenciados
no próprio Japão não mentem. A série também já foi referenciada por outras
obras nipônicas, inclusive pelo mega-hit Gintama,
especializado em parodiar tanto grandes sucessos da atualidade como clássicos
da animação japonesa.
Sendo assim, é perfeitamente possível que as semelhanças entre as
duas obras sejam mais que mera coincidência. De fato, o próprio autor de
Bleach, Tite Kubo, revelou numa entrevista que se inspirou no mangá de Kurumada para
desenhar as cenas de luta e as armas exóticas que permeiam sua obra. Mas garanto
que não foi só isso que ele tirou de CDZ.
Pois bem, chega de blábláblá e vamos à parte que realmente interessa,
onde eu tiro onda da cara do Kubo por sua incrível falta de originalidade XD
Brincadeira (ou não), mas vou tentar ser menos acadêmico e mais blogueirão a
partir de agora. Geralmente vou dividir essa coluna em 3 partes – Enredo,
Personagens e Universo – mas posso variar dependendo do meu objeto de estudo.
Vamos então, sigam-me os bons!
Enredo
Saint Seiya conta a história de Seiya e seus amigos Shiryu, Hyoga,
Shun e Ikki, que, lado de Saori Kido, a reencarnação da deusa Atena, combatem outros
divindades do panteão grego que pretendem eliminar a humanidade e tomar a Terra
para si. Eles fazem parte de uma ordem de guerreiros chamados Saints (literalmente,
“Santos”, mas traduzido como “Cavaleiros” em adaptações internacionais para
evitar conflitos com a Igreja Católica), que lutam (quase =P) sempre sem armas,
utilizando apenas a energia gerada pelo seu Cosmo, o pequeno universo existente
dentro de cada ser vivo, segundo a mitologia da série. Reza a lenda que, com um
movimento de mão, eles eram capazes de rasgar o céu, e com apenas um chute,
abrir fendas na terra. Porém, seus corpos continuavam sendo os de um mortal
comum, por isso, cada um vestia uma armadura feita de um mineral místico, chamada Plot Armor Cloth (que, acredite se quiser, significa
“roupa”, em inglês XD).
Bleach é história de Ichigo Kurosaki, um garoto de 15 anos
briguento, mas de bom coração, que consegue ver fantasmas. Uma noite, ele e sua
família são atacados por um hollow – uma alma humana morta transformada num monstro
devorador de espíritos – mas são salvos por uma shinigami, um espírito
encarregado de proteger os mortos e guia-los à Soul Society, o “paraíso” (bem
entre aspas) do mundo de Bleach. Contudo, por causa da teimosia de Ichigo – já
vejo um pouco de CDZ nesse protagonista – a garota shinigami fica ferida demais
para dar o golpe final no zumbi plásmico, sobrando para o guri terminar a tarefa
pegando os poderes emprestados dela. A partir daí, Ichigo passa a trabalhar como
seu substituto, lutando contra hollows, protegendo espíritos e os guiando até a
Soul Society - até que a história começa de verdade e, daí para frente, só paranoia
e conspiração XD
Pelo que foi visto até agora, não é possível enxergar mais semelhanças
entre as duas histórias que entre Dragon Ball e qualquer Shounen genérico
atual. Mas, analisando-as mais a fundo, podemos enxergar inúmeros detalhes
similares.
Leiam a seguinte sinopse:
“Cinco amigos se infiltram na sede de uma organização secreta
superpoderosa a fim de salvar a vida de uma companheira. Tal organização teria
como propósito final defender a humanidade, mas está sendo usada por forças obscuras
para propósitos nefastos. O QG é protegido por doze guerreiros de elite e um
comandante supremo acima deles. Correndo contra o tempo, os amigos se separam e
travam batalhas terríveis contra seus terríveis adversários; no final, o herói
principal é o único ainda com forças para lutar, e é aquele que salva a vida da
amiga, ao mesmo tempo em que descobre a verdadeira identidade do traidor
responsável por todo o problema.”
Agora, respondam-me, meus amigos: o texto acima se refere à
Batalha das Doze Casas ou a Saga da Soul Society?
Embora esses sejam recursos narrativos típicos do gênero Shounen,
a combinação de todos eles dentro de um mesmo arco torna clara a influência do
mangá de Kurumada no desenvolvimento da obra de Kubo. E a apropriação não para
por aqui: existe um número considerável de semelhanças entre a Saga de Aizen e
a de Hades, se pararmos pra pensar. Ambas são divididas em 3 partes: na primeira,
a Terra é invadida por seres do além; na seguinte, nossos heróis viajam até a
terra dos mortos para resgatar um de seus companheiros, que está sendo usado
para completar os planos nefastos do inimigo; e na última, passada numa terceira
dimensão paralela, os protagonistas finalmente derrotam o vilão principal e
seus asseclas mais poderosos ao despertar seu potencial máximo.
É interessante notar que ambos os animes originalmente foram
encerrados num ponto da história antes do final de suas respectivas versões
mangá. Se Bleach seguirá o exemplo de sua CDZ retomará a história algum dia, só
o tempo dirá.
Eu me pergunto: agora que está sendo lançado CDZ Next Dimension, será que o Kubo vai inserir algum elemento dessa nova
saga no seu mangá? Pessoalmente, duvido que ele chegue ao ponto de...
É nessa instância que as semelhanças ficam mais óbvias. Vamos à
parte mais divertida deste estudo.
Primeiramente, quero informa-los que pretendo evitar comparações
entre protagonistas de Shounen a menos que seja algo que fuja da tendência
“idiota-idealista-que-nunca-desiste-ou-abandona-seus-amigos” popularizada por
Akira Toriyama com o Goku em Dragon Ball. Isso é extremamente chato e redundante;
portanto, nada de Ichigo x Seiya aqui – embora seja curioso notar que ambos foram
dublados (por um tempo) pelo mesmo ator (Masakazu
Morita) na versão japonesa. Dito isso, partirei para a comparação mais
óbvia que se possa fazer entre as duas séries:
:
Orihime Inoue x Shun de Andrômeda + Saori
Kido
x
Não é difícil perceber as semelhanças: tanto Orihime quanto Shun
são pacifistas, os membros mais “delicados” de seu grupo e, frequentemente, a
donzela em perigo a ser resgatada/protegida – E sim, eu sei muito bem que o
Shun no mangá não precisa ser salvo o tempo todo, mas, infelizmente, como o
anime é a versão mais conhecida, foi essa a imagem que ficou marcada na cabeça
dos fãs, e é ela a mais fácil de associar com a personagem da Orihime. De qualquer
maneira, se examinarmos mais a fundo as características de ambos os personagens,
é possível notar outras similaridades em termos de:
- Poderes: Ambos carregam em seu arsenal um conjunto de armas empáticas, sendo uma para ataque e outra para defesa – o Shun Shun Rikka de Orihime e a Corrente de Andrômeda de Shun – sendo que ambos costumam restringir o uso de suas técnicas mais poderosas – o Koten Zanshun e a Tempestade Nebulosa, respectivamente – além de terem um potencial bem maior do que aparentam;
- Aparência: cabelo até, pelo menos, abaixo dos ombros, castanho claro no mangá, mas de cor mais exótica no anime – ruivo para Orihime e verde para Shun – rosto de traços delicados e grande beleza física – no caso da Orihime, grande MESMO, se é que me entendem;
- Vestuário: Ambos vestem a cor rosa frequentemente – se bem que, no caso do Shun, o rosa é meio que a cor do uniforme dele, então tem uma desculpa XD – e sempre carregam consigo um acessório de natureza misteriosa que ganharam de presente de um ente querido morto. Os prendedores de cabelo que Orihime recebeu de seu irmão Sora servem de receptáculo para os poderes de sua dona, enquanto o pingente de Shun, supostamente uma herança de sua mãe, revela-se como o instrumento que mantém o elo entre seu corpo e a alma de Hades. Além disso, ao serem capturados pelos vilões, passam a trajar um vestuário muito mais exótico e pomposo, ao gosto de seus raptores.
E ainda tem o histórico deles, que também é bem parecido: ambos
estiveram boa parte de suas vidas sob os cuidados de um irmão mais velho
superprotetor em vez dos pais, do qual são separados de uma forma ou de outra
até que o tal irmão reaparece em suas vidas... como um vilão! Nesse ponto, Shun
teve um pouco mais de sorte que a Orihime, pois 1º: o irmão dele não tinha
morrido de verdade e 2º: Ikki voltou para o lado dele, em vez de ser enviado
para o além :P No presente, Shun vive bancando o mártir sem causa, preferindo
sacrificar sua própria vida a deixar que haja mais derramamento de sangue, o
que foi o que Orihime basicamente fez ao optar por ir com Ulquiorra para o
Hueco Mundo quando este ameaçou matar todos os amigos dela, sem qualquer prova
de ser realmente capaz de tal feito :P E a famosa cena da Casa de Libra prova
que a Orihime não é única da dupla com poderes de cura. Sem falar de como ela,
conforme dito na seção anterior, foi sequestrada por Aizen como parte do grande
plano do ex-capitão, assim como o Shun foi “capturado” por Hades a fim de se
tornar seu novo hospedeiro.
Por outro lado, é possível estabelecer uma conexão entre Orihime e
outro dos protagonistas da série: a reencarnação de Atena, Saori Kido. Eu diria
que, na verdade, ela é uma mistura de Saori com Shun, que encarnam papéis um
tanto semelhantes em sua série-mãe, como a parcela mais pura, feminina e
idealista da turma de heróis, aquele que sempre se sacrifica pelo bem dos
demais e a eventual donzela em perigo XD Orihime se beneficia das mudanças de
valores ocorrida entre a época de CDZ e Bleach, recebendo um papel mais ativo
nas lutas do que Saori pôde desfrutar em seu tempo – ainda que nem tanto quanto
Shun – por conta de seu gênero. Há de se considerar que, no entanto, Saori
tomou as linhas de frente no final da Guerra Santa contra Hades e foi quem deu
o golpe final no deus dos mortos – Orihime, por sua vez, jamais demonstrou
tamanha eficiência em batalha, nunca ultrapassando o papel de suporte aos
combatentes, tal como a Atena moderna durante boa parte da série. Não que isso
não seja importante na guerra – afinal, Ichigo e cia já estariam mortos há
milênios se não tivessem sua adorada Hime-Chan para cuidar de seus ferimentos
em momentos críticos – mas limitar as mulheres a esse único papel não deixa de
ser uma forma de machismo. De qualquer maneira, falta ainda mencionar um ponto
em comum: ambas as moças são o mais próximo que o protagonista tem de um
interesse amoroso. Eu não ligo para a retórica IchiRukiana: o próprio autor
disse a que a relação dos dois é platônica, e foda-se o anime, com seu staff
Rukista. Hime é a única garota com sentimentos claros por Ichigo por quem ele
demonstrou alguma possível reciprocidade – por meio de sua profunda
determinação em protegê-la em diversas ocasiões, especialmente na última luta
contra Ulquiorra, em que chega a parecer uma espécie de obsessão. Saori e Seiya
possuem uma relação parecida (exceto pela parte de virar um zumbi canibal e
quase matar seus amigos enquanto tentava proteger sua amada XD), embora nenhum
dos dois tenha se declarado para o outro. Mas a Saori bem que tentou dar umas
bitocas no Jumento Alado enquanto ele estava inconsciente XP o que já conta
muito mais pontos em ousadia do que a Orihime se confessando para um Ichigo
adormecido. Saori ainda conta com a vantagem de não ter uma competição tão
forte – Mino, por quem Seiya realmente poderia ter um genuíno interesse,
praticamente sumiu da série – e da franquia como um todo – depois das batalhas
contra os Cavaleiros de Prata, recebendo uma única aparição em forma de
microponta na Saga de Hades, e só na versão anime; já Shina nunca teve qualquer
chance com o Cavaleiro de Pégaso, que não parece sentir mais nada por ela, além
do mesmo respeito e consideração que demonstra pelos seus outros irmãos de
guerra. Ainda assim, mais de 20 anos de CDZ se passaram e nada dos dois ficarem
juntos - Saint Seiya Omega que o diga. É possível que, por conta da tradição celibatária
dos cavaleiros que Kurumada mencionou numa entrevista tempos atrás, Seiya e Saori
possam realmente nutrir sentimentos um pelo outro, mas nunca venham a se tornar
um casal de verdade – especialmente se você considerar que 1º: ela é uma deusa,
e ele, um mortal; 2º: Atena, a Virgem, é um dos títulos pelos quais a Deusa da
Guerra é conhecida, e na mitologia ela sempre fez bastante questão de preservar
sua castidade; e 3º: ela é a CHEFE dele e provavelmente não iria querer ser acusada
de favoritismo, imagina a CPI que daria XD Mas, se Shiryu x Shunrei já virou
realidade em pelos menos dois cânones (Next Dimension e Omega), ainda pode
haver alguma esperança para os dois pombinhos XP
Dentre os demais personagens ainda podemos destacar citar:
Kisuke Urahara & Yoruichi Shihouin x
Mu de Áries & Dohko de Libra
x
- São guerreiros de elite que se afastaram da instituição a que estavam ligados quando viram que esta estava se corrompendo;
- Escondem sua verdadeira identidade com uma faceta bem mais humilde, a princípio;
- Tornaram-se aliados da nova geração de guerreiros, sendo que o primeiro de cada dupla fornece ajuda referente a equipamentos, enquanto o segundo treinou pelo menos um dos protagonistas;
- No começo,
Yoruichi aparece na forma de um gato, e revela sua *sexy* verdadeira
aparência numa cena semelhante em alguns detalhes (leia-se: ausência de
vestimenta) àquela em que Dohko se livra da sua carapaça velha e volta a ser
jovem
e bonitão; - Urahara, em certo ponto da história, ajuda Ichigo a recuperar seus poderes de Shinigami e consertar sua Zanpakutou, num processo que quase mata o infeliz, algo não muito diferente do que Mu fez para recuperar as armaduras de Seiya e Shiryu. Por fim, ele tem como discípulo um pivete ruivo; preciso dizer mais? Ah! E ambos tiveram (temporariamente) o mesmo dublador na versão nacional, Marco Aurélio Campos.
Como bônus, o Tiozinho do Chapéu ainda paga de Shion, já que é
companheiro de longa data da Yoruichi – tipo, de SÉCULOS – e tem um bocado
de... “subtexto” com ela.
Uryuu Ishida x Haruto de Lobo
Agora é a hora da vingança de Bleach... se antes os fãs podiam
reclamar de Ichigo e seus amigos estarem copiando de CDZ, agora é a turma se Seiya
que corre o risco de um processo f*dido. Muita gente fica zoando Ômega por supostamente
roubar ideias de Naruto, por conta de seu sistema de elementos idêntico – exceto
pela inclusão de Luz e Trevas – e por causa desse personagem, que além de ter
muitas técnicas iguais às que aparecem no anime de ninjas, ainda tem um nome parecido
com o do protagonista. Não vou negar que talvez a equipe de Ômega tenha bebido
dessa fonte – cada vez mais CDZ usa elementos de mangás e animes da atualidade,
obviamente buscando uma renovação de público. Mas é bom saber que as técnicas
ninja não são copiadas de Naruto – na verdade, ambos se inspiraram nos mitos criados em torno
desses guerreiros misteriosos, presente em gravuras, livros, peças, filmes a na
tradição oral. Então,
Ômega está a salvo das acusações de plagiar Naruto (em parte, pelo menos), mas
nada impede os fãs de taxar Haruto de cover de Ishida. Vejamos:
- Ambos são rapazes bonitos, inteligentes e que usam óculos;
- Vêm de uma linhagem de guerreiros rival àquela do personagem principal;
- Foram treinados por um parente mais velho (“adotivo”, no caso de Haruto) que queria uma reconciliação entre as duas forças rivais;
- Ambos os mentores foram mortos por agentes corruptos da outra facção;
- Os dois rapazes, no entanto, acabam resolvendo se aliar a um jovem guerreiro ligado à instituição que matou seu ente querido, em nome do bem maior, inspirado pelos ideais do mesmo.
Ah, e ambos são os mais bem equipados – no bom sentido – de seus
camaradas, com dezenas de armas e poderes à sua disposição. É, depois de anos
plagiando a obra do Titio Kurumada, o Seu Kubo parece estar finalmente provando
do próprio remédio.
Ichigo Kurosaki x HYOGA DE CISNE!?
É isso mesmo! Analisando mais a fundo a personagem de Ichigo,
descobri que, síndrome de protagonista da Shounen Jump à parte, ele possui
muitos pontos em comum com o Cavaleiro do Gelo. Vamos por partes:
- Ambos têm cabelo de cor bastante clara, que os destaca dos seus colegas nipônicos;
- São mestiços: Hyoga é metade japonês, metade russo, e Ichigo é metade japonês, metade tudo-que-você-possa-imaginar;
- Parecem pouco amigáveis, mas se importam muito com as pessoas próximas a eles e estão sempre prontos para proteger os inocentes;
- Possuem uma
relação conflituosa com seus mestres (no caso, Urahara para Ichigo e Camus
para Hyoga), que tentaram apagar qualquer vestígio de sentimentalismo que existisse
no coração de seus discípulos. Diferentemente do caso de Orihime e Shun
com seus respectivos irmãos, dessa vez foi Bleach que teve um final mais
feliz, com Urahara permanecendo firme e forte em sua missão de
trollartreinar o herói da história; - Aos olhos
de
muitasmuitos, têm alguma coisa com o membro mais delicado de sua turma... - E por
último E mais importante: Complexo de Édipo Nível ∞. Ambas as mães se
sacrificaram para salvar seus queridos filhinhos, que sofrem até hoje com
a morte de suas mamães queridas dos seus corações. Eles possuem uma imagem
bastante idealizada dessas figuras maternas, elevando-as à figura de
santas, praticamente – coitadinhos, não devem nem suspeitar de como elas
fizeram eles – e não têm nem um pouco de respeito por seus respectivos
pais – e, caso vocês não saibam, no mangá de CDZ é revelado que o pai de
Hyoga não é ninguém menos que Mitsumasa Kido, o avô adotivo da Saori, que,
pasmem, também é pai de todos os outros 99 órfãos mandados para se
tornarem Cavaleiros (!?). Além disso, costumam demonstrar maior atração
por garotas parecidas com suas mães. No anime, Hyoga tem as gentis loiras
Eiri e Freia, enquanto Ichigo pode sentir algo a mais pela também doce
ruiva
e peitudaOrihime, além de ter expressado pelo menos desejo sexual por Rangiku Matsumoto, que graças às limitações artísticas de Tite Kubo, se parece um bocado com Masaki Kurosaki, ainda mais na versão animada, em que deram um tom mais alaranjado à cor do cabelo da tenente da 10ª Divisão.
Ainda podemos citar alguns detalhes, como a Shikai da Soi Fong ser
parecida com a Agulha Escarlate do Milo, o Tousen e o Shiryu serem imunes às
ilusões do vilão principal por conta da cegueira, ou os grandalhões Komamura e
Aldebaran sempre levarem uma surra para mostrar o quanto o inimigo é forte, mas
tem dois personagens em especial que precisam ser mencionados:
Sousuke Aizen x Saga de Gêmeos
Pois é, o Aizen pode não ser (mais) um clone maligno do Superman,
mas é possível que ele seja o terceiro dos Irmãos de Gêmeos. Vamos aos fatos:
- Ambos são os vilões das sagas mais memoráveis de suas respectivas séries, embora sua verdadeira identidade como autor da conspiração maligna dentro da Soul Society/Santuário só seja revelada no final;
- Mataram os verdadeiros diretores da organização para qual trabalhavam e tomaram o seu lugar ao mesmo tempo em que escondiam a verdade dos colegas;
- Querem governar o mundo no lugar da divindade que deveriam proteger;
- Antes da revelação, eram considerados indivíduos de grande nobreza e valor por aqueles que conheciam – porém, no caso de Saga, aquele era seu eu genuíno antes de ser tomado por sua personalidade maligna, enquanto no de Aizen, era puro fingimento;
- Estão entre os personagens mais fortes de seus respectivos mangás, e são mestres na arte de criar ilusões;
- Já manipularam amigos dos heróis para que se virassem contra eles;
Saga foi um dos vilões mais marcantes da minha infância, com seu
vestuário sinistro, sua risada marcante e seus intermináveis banhos no chuveiro
do Grande Mestre. Embora não tenha o mesmo peso para mim, e de ter tido uma
derrota muito mais humilhante que seu antecessor, eu diria que Aizen obteve
muito mais sucesso em sua carreira de crimes: enquanto Saga dominou somente o
Santuário por meros 13 anos, Aizen controlou o Hueco Mundo por não sei quantas
décadas, e chegou bem perto de conquistar a Soul Society; enquanto o reino de
terror de Saga parou logo no primeiro grande arco da história, Aizen teve uma
sobrevida que lhe permitiu ocupar o lugar que seria mais ou menos equivalente
ao de Hades na história de Saint Seiya, como senhor das tropas do submundo que
tenta dominar a Terra; e, finalmente, mesmo depois de sua derrota final, ele
continua vivo, e sendo uma ameaça bastante real para o mundo, ainda que
enclausurado. Saga, por sua vez, morreu e voltou para o lado do bem. Ah, e ele
nunca trollou tanto os heróis quanto Aizen fez. Entretanto, independente de ser
ou não melhor que aqueles que vieram antes dele, Aizen tem muito que agradecer
a Saga e a outros vilões clássicos dos mangás – especialmente o Sensui de Yu Yu
Hakusho e sua incrível capacidade de ser completamente roubado - por trazerem a
inspiração necessária para construir sua personagem. Afinal, o que seria da
trilogia do Cavaleiro das Trevas se não fosse o seriado dos anos 60?
Ehhh, pensando bem...
Universo
Não é nenhum mistério: Sereitei = Santuário. São as sedes de duas
grandes instituições militares dedicadas à proteção da humanidade, porém
escondidas da mesma. Possuem estrutura burocrática e legislação rígidas e até
um tanto antiquadas (execuções são rotina até hoje); no topo de suas cadeias
hierárquicas, está um grupo de 12 poderosos guerreiros, presidido por um
comandante supremo de força igual ou até maior que a destes. Cada um dos
guerreiros pertencentes a estas ordens carrega consigo um instrumento de
combate que possui uma forma “selada” e outra “ativa” e que possui vida e
vontade própria – As Zanpakutou e as armaduras, respectivamente. A origem dos
poderes desses guardiões da humanidade é a energia oriunda da fonte da vida –
Reiatsu e Cosmo; com ela, são capazes de feitos impossíveis para humanos
normais, tanto de natureza destrutiva quanto construtiva, sendo que cada um
deles tem o potencial de sentir a energia dos outros. Tais guerreiros podem ser
divididos em 3 categorias: os mais fracos (shinigamis sem posto em Bleach, Cavaleiros
de Bronze e soldados rasos em CDZ), os intermediários (oficiais de posto,
incluindo os tenentes, e Cavaleiros de Prata) e os mais fortes (Capitães e Cavaleiros
de Ouro, junto com o Grande Mestre), que são capazes de atingir a forma máxima
do seu poder sobrenatural (a Bankai e o Sétimo Sentido). Acima de todos os membros
desta força, está um ser de natureza divina a quem estes devem proteger; em
Bleach, é o Rei da Soul Society, enquanto em Saint Seiya, é a Deusa da Guerra,
Atena. E ainda tem o detalhe que, na versão nacional, mudaram o nome desses
combatentes: de Shinigami para Ceifeiro de Almas em Bleach, e de Saint (Santo,
em inglês) para Cavaleiro. Mas aí já mais questão de coincidência, né XD
Em contrapartida a esses defensores da justiça, existe um grupo de
malfeitores provenientes de um mundo sombrio habitado por almas mortas
pecadoras. Apesar de seus poderes serem da mesma natureza que os dos heróis, a
forma que eles tomam para esses seres sinistros é muito mais grotesca e desumana
que a daqueles. Servem uma poderosa entidade sombria com ânsia de poder e um
grande plano que tomará muitas vidas na Terra. Assim são os Arrancar de Bleach
e os Espectros de Saint Seiya, servidores do Rei do Hueco Mundo, cargo, na
prática, exercido pelo vilão Sousuke Aizen, e de Hades, o Imperador do Inferno,
respectivamente. Tais soberanos malignos possuem, cada um, dois braços-direitos
que, apesar de, teoricamente, pertencerem à mesma categoria que eles, são leais
ou não e subservientes a eles (Gin e Tousen, para Aizen, Thanatos e
Hypnos, para Hades). Além de tudo, em ambos os casos, um dos únicos membros do
seu exército que tinham algum traço de humanidade, uma mulher, é despachado
pelos seus próprios superiores – ou assim seria se o Kubo não tivesse poupado a
Harribel no final. Tadinha da Pandora L. O mundo que essas criaturas perversas
habitam também possui algumas semelhanças, sendo tanto o Hueco Mundo quanto o
Inferno divididos em áreas de características distintas, mas sempre permeadas
pela morte e a escuridão, e governados a partir de um palácio onde reside seu
senhor – Las Noches, no caso de Aizen, e Giudecca, no caso de Hades.
Eu poderia ainda mencionar que o Palácio do Rei da Soul Society
lembra um bocado os Campos Elíseos, por ser um território sagrado que serve de
morada para um ser superior, cuja entrada só é permitida àqueles dotados da benção
de uma divindade. Mas, sinceramente, não tenho muita coisa mais a falar sobre
esse assunto. Devo confessar que, apesar de acompanhar Bleach, este não está entre
meus mangás favoritos; por isso, não tenho a mesma inspiração e força de
vontade para dissertar sobre essa obra como terei para algumas mais à frente;
contudo, achava que era importante falar sobre esse título, já que é um dos
poucos cujo autor cita explicitamente CDZ como uma de suas inspirações, além de
ser uma das franquias multimídia japonesas de maior importância nos últimos
tempos. De qualquer jeito, vou encerrar por aqui. Espero que tenham gostado e
que voltem para conferir minhas próximas empreitadas! Em breve, a segunda parte
da edição especial de lançamento de Já Dizia o Chacrinha, ainda sobre CDZ, mas
comparando-o a outra franquia de sucesso atual! E mais uma novidade para os fãs
da minha série Versão Brasileira! Infelizmente para os apressadinhos, o tema de
ambas será uma surpresa! Portanto, continuem acompanhando!
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